25 de fevereiro de 2010

Primeira lição prática: nem sempre o que você planeja é o que o aluno precisa


M. vai fazer vestibular pela primeira vez esse ano e já conversamos algumas vezes sobre o assunto. Pois bem, passado o Carnaval (iniciado, portanto, o ano oficial no Brasil, rs) era hora de combinar o início das nossas aulas.
 

Enquanto M. não voltava de viagem, entrei nos sites das faculdades que sei que ela quer tentar, peguei programas, provas anteriores, fiz as provas, pesquisei editais, tracei “planos infalíveis”, rabisquei cronogramas… Decidi que a primeira aula seria sobre Expansão Marítima, que dentre os primeiros itens dos programas é o que eu mais tenho material. Feito isso, combinamos por e-mail o primeiro encontro para a próxima segunda, 1º de março. Eis que ela completa:
minhas provas começam mês que vem, no começo do mes tipo lá pro dia 10
e a prova de historia eh uma das primeiras
(…)
Ahh, a materia da minha prova é:
-Periodo Joanino
-1ºreinado
-regencias
-Emancipação da America Espanhola
-2º reinado
O que eu faço? Caio morta? Entre risadas eu percebi que não adianta nada você montar dentro da sua caixola o cronograma perfeito com o plano de curso perfeito, pelo simples motivo: se ele não der conta das necessidades do aluno, ele nunca será perfeito! Parece óbvio, né? Mas de vez em quando a gente se empolga em mostrar o que aprendeu na faculdade e se esquece das complexidades da vida real… Não interessa que eu tenha planejado a melhor aula dos últimos tempos sobre Expansão Marítima, interessa que M. tem prova e precisa aprender Período Joanino, Brasil Império e Emancipações na América Espanhola. E, como naquele ditado, what she needs is what she gets!

Fica a lição: planejamento não é coisa que a gente faz na nossa cabeça e joga em cima do aluno. Muito menos quando o aluno é um só, o que nos dá oportunidade de caprichar e oferecer um tratamento personalizado. Planejamento a gente faz no primeiro encontro, começando por um diagnóstico, buscando conciliar o que o aluno diz que precisa, o que a escola diz que ele precisa e o que a gente sente que ele precisa. E, claro, tendo sempre em mente que precisamos ser versáteis o suficiente pra mudar de planos sempre que for necessário. Acabo de ouvir a voz das minhas melhores professoras (putz, que sexista isso! Professor@s! Tive ótim@s de ambos os gêneros) ecoando lá do fundo da minha memória. Elas El@s iam rir muito da minha trapalhada, mas acho que ficariam orgulhosas orgulhos@s por no fim das contas eu ter aprendido por mim mesma o que elas el@s cansaram de dizer.

Enfim, diante da mudança de planos, a primeira coisa que eu fiz foi escanear e mandar pra ela por e-mail (ó que moderno) trechos do livro didático que eu considero o melhor que existe sobre História do Brasil, que é o do Boris Fausto (Edusp). Ah se o Boris Fausto e/ou alguém da Edusp lê isso aqui, hein?

Ainda falta escanear algumas partes, e enquanto faço isso vou relendo e preparando um estudo dirigido sobre cada assunto. A ideia é que ela chegue para o primeiro encontro com os textos lidos, os estudos dirigidos respondidos e as dúvidas anotadas. Até lá, eu estudo de novo, procuro materiais complementares e organizo uma aulinha mais ou menos expositiva (”exposição dialogada” deve funcionar nesse caso, certo?).

Ficam as dúvidas: Será que eu pedi demais? Será que esqueci alguma coisa? Socooooooorro!

Agora, mãos à obra. Em breve compartilho aqui o material que preparei.

2 comentários:

Gabriela Galvão disse...

Melhor aqui pq eu sou prolixa e 140 caracteres é muito pouco pra mim! rs
Bem vinda ao mundo dos pré-vestibulandos! Acho que nem os professores deles sabem direto o que tão fazendo. Mas pra mim a culpa dessa bagunça toda é do programa gigantesco que eles tem que cumprie em 8 meses. Como resolver?! Não faço ideia.Inclusive, esse é o tema do meu relatória pra FaE. Se vc descobrir me avisa, juro que eu te ponho na minha bibliografia.rs
Tô há 3 anos dando aula particular e acho que já tenho alguma manha nisso. Estudo dirigido não da certo. A não ser que a sua prima for a pessoa mais estudiosa, responsável, interessada e concentraça do planeta. Sério. Os meninos acabam perdendo o interesse, fica massante, vc e eles enchem o saco de tudo. Uma coisa que eu acho legal fazer, mas ai tem que ver como você gosta de trabalhar, é fazer a tal exposição dialogada (adorei a expressão!) e depois fazer uma análise de documento. Fica menos chato e querendo ou não, é o que a federal cobra na prova aberta.
Exposição dialogada funciona nesse e em todos os casos! Ficar só no blablabla só serve pro menino dormir! rs
Foi malz ae os palpites mas esse tema me interessa. Qualquer coisa, grita!

Fabi disse...

Você chamou a atenção para uma coisa interessante: como extrair o máximo d@ alun@ sem massacrá-l@ ou fazê-l@ nunca mais querer ver a sua cara! Porque, por um lado, ela vai tentar Direito e Fundação João Pinheiro, então eu tenho que espremê-la até tirar leite de pedra. Acho que com todos @s alun@s eu vou ter essa vontade de espremer até ele dar o máximo (não se esqueça, estudei no Santo Antônio, rsrsrsrs). Mas esse é um limite que a gente não pode ignorar.

Como ela ainda não está lendo o blog, vou te "desobedecer" e mandar os estudos dirigidos mesmo assim, em caráter experimental. Claro que se for demais ela sempre tem a opção de responder "mentalmente", só pra ter certeza de que não deixou nenhuma parte importante do texto pra trás. Ainda mais um texto tão grande e uma matéria tão extensa pra uma prova só!

Eu conto aqui no que deu, claro!

P.S.: Obrigada por se juntar ao blog!
P.S. 2: "Exposição dialogada" existe em pedagogês, não fui eu que inventei! ;o)